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A escassez de profissionais de tecnologia no Brasil e seu consequente impacto no ecossistema de startups
Nós, enquanto sociedade, estamos cada vez mais mergulhados na era digital. Em um cenário pós-pandêmico no qual a inovação tecnológica ganhou protagonismo na resolução de vários problemas, muito se fala em como a tecnologia se tornou uma necessidade básica em detrimento da crise de trabalho que o mundo enfrenta, porém ainda pouco se fala do acesso a ela.
Até o final de 2030, mais de 85 milhões de empregos não serão preenchidos no mundo, pois não existirão pessoas qualificadas para ocupá-los.* No Brasil, o cenário projetado entre os anos de 2021 e 2025 não foge desse contexto**.
Fonte:
* Future of work: The Global Talent Crunch, Spring 2018 da Korn Ferry
** Demanda de Talentos em TIC e Estratégia, Brasscom, 2021
O cenário apresenta perspectivas desafiadoras, mas que também podem ser consideradas como grandes oportunidades.
Leia o relatório completoPara as startups que lidam diretamente com inovação e, consequentemente, com uma demanda maior por profissionais tecnológicos, o cenário é ainda mais complexo, pois existe uma disputa por talentos, seja entre elas mesmas ou com as grandes empresas nacionais e internacionais.
92% das startups acreditam que faltam profissionais de tecnologia no Brasil
Para se aprofundar no tema e desvendar os sucessivos abismos que ao longo dos anos resultaram nesse gargalo, o Google for Startups, em parceria com a Abstartups e a Box1824, realizou uma radiografia identificando as principais causas que impedem a formação de mais profissionais em tecnologia e os desafios mais notáveis que aqueles que já estão formados ou em formação enfrentam.
Raio-X (da falta) de profissionais de tecnologia
Para onde vão os talentos? Possíveis caminhos para solucionarmos este desafio
O papel do setor privado
Metodologia
Assim como em outras áreas, o acesso à educação tem sido um dos principais entraves para o desenvolvimento do mercado de tecnologia, isso porque novos talentos capacitados estão escassos. Em geral, faltam condições e estímulos para que os jovens se interessem por tecnologia, buscando se especializar nisso. Muitos não têm acesso a itens básicos para entrar na área, barreiras que se intensificam para aqueles que residem em regiões fora dos grandes centros econômicos do país.
O cenário se torna ainda mais evidente quando observamos a necessidade de especialistas seniores, visto que o mercado de tecnologia brasileiro não desenvolve o número de profissionais neste nível suficiente, em especial pelo problema da fuga de talentos, que coloca em cheque a decisão de empresas e startups de desenvolver novos talentos que podem se evadir. Esse gargalo de senioridade também faz com que os novos talentos não tenham com quem aprender e, com pouco tempo de experiência e desenvolvimento, eles já são considerados para assumir cargos mais altos para os quais não necessariamente têm expertise ainda.
A pesquisa mostra que precisamos de mais pessoas estudando tecnologia e de mais estímulo dos negócios nacionais para reter os talentos no Brasil, proporcionando capacitação e experiência, ampliando o número de profissionais atuantes e, assim garantindo a senioridade no setor. Isso reforça o fato de que o desafio demanda atenção e esforços ativos de todas as esferas da sociedade.
No Brasil, desenvolver um mercado de trabalho tecnológico maduro esbarra, majoritariamente, em um obstáculo já conhecido: o acesso à educação. Para além desse problema central, a falta de acesso a recursos tecnológicos básicos resulta na baixa formação de novos tecnólogos. Para os que já estão formados, os desafios são outros: um desenvolvimento profissional gradual e saudável que possa garantir sua consolidação e permanência no mercado.
Dados levantados com base nas pesquisas e entrevistas realizadas com os públicos de interesse
Dados levantados com base nas pesquisas e entrevistas realizadas com os públicos de interesse
No ecossistema de inovação brasileiro existem poucos estímulos à inclusão de grupos politicamente minorizados. Por causa disso, fatores como diversidade e equidade se tornam pautas ainda mais necessárias e iminentes. Pessoas negras, mulheres, LGBTs e outros grupos sub-representados que lidam com os problemas de acesso à educação, recursos e oportunidades, acreditam que esse mercado é um lugar no qual eles não têm oportunidade. Isso também é percebido por quem já está inserido no setor.
57% das startups veem o mercado de tecnologia como excludente para mulheres
55% das startups veem o mercado de tecnologia como excludente para pessoas negras.
A pesquisa mostra que a falta de estímulos inclusivos prejudica o Brasil social e economicamente. Buscar a presença de pessoas diversas no ecossistema garantirá potencial econômico e de inovação.
Os grupos politicamente minorizados lidam com uma série de elementos estruturais que os desestimulam e afastam do mercado de tecnologia. A ausência desses grupos causa uma defasagem em diversidade, ocasionando menos pluralidade e, consequentemente, menos estímulo à inovação e à criatividade que diferentes pontos de vista são capazes de proporcionar e são elementos tão necessários para o desenvolvimento de soluções nesse mercado.
A aceleração da redução deste gap de talentos existente necessita do envolvimento conjunto dos setores público e privado, para que seja possível impactar todas as faixas etárias e classes sociais economicamente ativas no país.
Leia o relatório completo
A falta de talentos no nosso ecossistema é muito grande. São muitas vagas e poucos profissionais qualificados. Há um problema estrutural na educação do Brasil que vai muito além da qualificação em tecnologia na graduação. Só é possível endereçar esse desafio com ações de médio e longo prazo. Quero provocar uma conversa sobre a importância de explorar a tecnologia em diversas etapas ao longo da vida.
André Barrence
DIRETOR DO GOOGLE FOR STARTUPS PARA A AMÉRICA LATINA
